terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Tipos brasileiros: o eloquente da sala de aula

Preenche os silêncios com colocações. Conta histórias intermináveis sobre experiências pessoais. É autorreferente. Completa os pensamentos do professor, discorda ou concorda com teses apresentadas só para poder fazer colocações em cima das falas dele ou dos colegas. “Deixa eu só dizer uma coisinha...”, interrompe, só para fazer uma ‘contribuição’ de cinco minutos. Geralmente tem sotaque diferente do local em que está assistindo a aula, marcando sua fala e tornando-a mais sui generis.

Cria bordões próprios como deixa para voltar a atenção para si e dar exemplos do que vai sendo explanado. Não tem lead e conta histórias compridas: “quando eu tinha 14 anos...”. Mesmo diante dos olhares de tédio, raiva, impaciência ou da desatenção dos colegas segue falando, falando... Usa a sala como terapia, se descobre, se revela, completa carências, faz os colegas refém dos seus causos e experiências banais que ninguém tem interesse.


No fundo só quer ser aceito, só quer ser querido e amado... Sua pseudo-inteligência vai parecendo a cada dia mais fatigante e expoente da falta de amigos, conhecimento real e autoestima.  Em alguns casos funciona como paquita, ajudante de palco do professor, auxiliando a ligar aparelhos eletrônicos, o ar-condicionado, fecha a porta, pega um material... É hiperativo e interativo. Comenta a aula em tempo real, cria hashtags e subtemas relacionados. Haja repertório! Identificou a figura? Boa volta as aulas!

(Esse texto é baseado em diferentes pessoas que fizeram cursos comigo nos últimos anos. maio de 2014)


O eloquente da sala de aula é (potencialmente), já foi ou será o louco da palestra.

Entre Aspas: Eu estava prodigiosamente embriagado de mim mesmo. Eu, eu eu, eu. Nelson Rodrigues.