terça-feira, 22 de janeiro de 2013

2012: a estabilidade das mudanças

Foi um ano sem sobressaltos, sem crise, de novo emprego e de surpreender-se com as mudanças à volta. Começou na conhecida praia de Copacabana, mas terminou tão diferente... E o mundo nem acabou. 2012 foi o ano de estabilizar, de alcançar aquelas metas tão sonhadas em períodos anteriores. Gostei mais de São Paulo, amei mais, tenho amigos aqui tão importantes na minha rotina, que já nem sei como é viver sem eles.

O carnaval foi no Rio, mas praticamente sem folia. A páscoa foi aqui. O dia das mães em Campo Grande. O dia do trabalho em BH. Não podia deixar de ir para Paraty na Flip.
Tomei chuva em Ubatuba. Revisitei um outro Rio no feriado da República e descobri as maravilhas da Amazônia em Alter do Chão (PA), num dos melhores réveillons que já tive(!).

Todo ano falo que fui mais adulto no ano anterior. Mas 2012 foi de consolidação. 2013 chega pouco afoito, sem a necessidade de grandes passos. É tempo de curtir as coisas conquistadas, sentir o vento batendo no rosto e recarregar as energias antes de subir a montanha. Aquela ruptura sentida no fim de 2012 talvez seja uma libertação de crises juvenis e de amarras com a família, que parecem ter mesmo ficado só na lembrança.

Fui menos a Campo Grande (e fiquei menos tempo lá nas vezes em que fui). Sinto menos falta da cidade. Ganhei maior estabilidade financeira. Em casa, a Marcelle, amiga campo-grandense com quem dividia as contas, as histórias da vida e algumas das refeições e agruras de SP, deixou de morar comigo.

Pouca coisa me abalou de verdade no ano que passou. A estabilidade é também emocional. Foi mesmo o ano do “sim” e 2013 é tempo de reafirmar votos. Que ele siga com essa aparente calma e ternura interna. E que reserve momentos tão encantadores como os de seus primeiros dias. Pode chegar, que a gente vai calma e firmemente navegando por águas já conhecidas.

E como disse no Facebook:

O crescimento vai ser de algo em torno de 1%, mas diante do cenário negativo, 2012 foi um ano muito especial por aqui. De consolidação, sem crises, de aumento de estabilidade, de novos empregos e sensação de maturidade fiscal. E assim como o mercado, espero que o crescimento acelere em 2013, que as crises externas apaziguem, que aumentem as relações internacionais e que seja mais do que um ano de aumento de capital e de novas fusões (como se anuncia), mas de realização de sonhos, amor, paz e ótimos momentos para compartilhar com os amigos e família. Obrigado 2012, vem com tudo 2013!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Do sutil

Viviam uma vida pacata. Jantavam juntos às nove vendo novela, adoravam comer brigadeiro no fim de semana. Ele cozinhava, ela lavava as louças. Ele trocava as lâmpadas, ela os tapetes. E a relação se dava instintivamente, numa harmonia invejável para os demais casais.

Numa noite, ela pediu que ele virasse o abajur para o seu lado para que pudesse ler o livro que ganhara. Foi o tom da voz dela que fez com que algo se estilhaçasse. Não foi o abajur, nem a lâmpada, mas a aura que existia em torno da mulher. Ele passou a vê-la mais turva e agora parecia outra. Era ela que sempre comandava seus atos. Onde antes havia consonância, ele via a mão pesada da esposa dirigindo e provocando seus atos.

Ele passou a resistir aos comandos. As discussões se tornaram frequentes. O casamento de anos começou a minguar. Até tentaram insistir, mas tudo acabou com ela decidindo quem ficava com o quê. Ele agora bebe no balcão solitário do bar e vive da procura do que perdeu. Espera poder voltar a sentir a métrica harmoniosa de uma canção enquanto caminha.

Entre Aspas 1: Todo o meu horizonte vital se povou, e se tornou mais denso, mais úmido, mais crispado.

Entre Aspas 2: Uma admiração não volta; nós a perdemos para sempre.

As duas frases são de Nelson Rodrigues.